Eu vou lá


O caminho segue errante e irregular, mas desta vez os passos são só meus.
Sim, livre.
No entanto, esta mesma liberdade acaba por me amarrar numa intensa e incessante necessidade de ter antigas sensações, prazeres que antes me eram rotineiros. Quando menos percebo, já estou novamente atando o nó do meu barco em algum outro cais.
Isso é normal.
Eu até posso um dia andar por ai com as roupas rasgadas, bolsos vazios e a mente confusa, sem saber como fui parar ali. Mas e se pudesse jogar todos os livros os momentos passados fora e carregar comigo apenas a página do agora?

É tão comum eu me apagar ao passado e viver numa pagina, na ilusão de que estou andando pra frente… no entanto, se eu tivesse realmente sido feliz no passado, jamais teria mudado.
Então eu mudei.
Mas o problema é que eu mudei sentindo medo demais. Eu navego por aí, esquecendo-me de que poderia ser bom perder o horizonte, seguir a vontade da corrente e atracar na próxima aventura.
Por mais que ela demore a surgir...
Eu vou lá sem bússola...

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