COMO?

Escrever é como despir-se.
É impossível querer que as minhas
palavras não me exponham, é inevitável
que elas me arranquem peça por peça de roupa,
e é muita ingenuidade achar que elas gerarão reacções idênticas.
As mesmas palavras que escrevo e que emocionam ou fazem rir,
causam algum sentimento...

Para ti menina que estas longe...


Se eu pudesse agarrar um arco-íris
Eu o pegaria só para ti
E com partilharia com contigo a tua beleza
Nos dias em que tu te sentisses triste.
Se eu pudesse construir uma montanha
Tu poderias chamá-la de só tua,
Um lugar para encontrar serenidade,
Um lugar para estar sozinho.
Se eu pudesse pegar seus problemas
Eu os jogaria no mar.
Mas todas estas coisas em que eu estou pensando
São impossíveis para mim.
Eu não posso construir uma montanha
Ou pegar um belo arco-íris.
Mas deixe-me ser o que eu sei de melhor,
Um amigo que está sempre por perto.

Não preciso ser homem, basta ser humano,
basta ter sentimentos, basta ter coração.
Preciso saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro,
de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa.

Navegar

Estou ai a navegar
Sem rumo para chegar.
Estou em um navio
Que não sei onde vai ancorar.
O mar em volta reflecte a fúria em suas ondas
E em cada tremer do navio sem destino
Eu me seguro para não cair
Pois aonde vou parar?

Nem imagino.
É navegar pelo meu olhar
E entender a minha preocupação
Se eu não chegar
Nunca mais encontrarei meu coração.
Estarei eu perdido no mar?
Seguirei a voz sussurrada pelo vento
E ao infinito navegar
Pois eu sei, a voz do vento é o sentimento....



Sem...

Sem objectivo,
Sem rumo…
Eu vou caminhando,
Andando…
Sigo o caminho
escuro, que vejo à minha frente
Não posso voltar atrás
é-me proibido
Os sonhos...
Estão agora perdidos nos negros olhos
Da escuridão que me cerca.

Choro… choro…
Mas ninguém aparece…
O pesadelo em que me vejo
É mais real do que parece…
Grito… mas nada…
Corro…
Até o som dos meus passos se perde
No espesso silêncio que me cerca…
Paro.

Agora sei que é inútil andar,
Correr, chorar, gritar…
Ninguém virá…
O abismo, que é a minha vida,
Sempre me acompanhará,
Destruindo qualquer forma de alegria
Que ainda resta em mim…
Destruindo a minha coragem,
O meu fim.

Acordo e, olhando-me ao espelho,
Vejo aquilo que não sou
Mas em que me transformei…
Um corpo novo com vida…
Os olhos reflectindo alegria
E o vazio do meu...
A mim mesmo digo adeus
Quem sabe se me voltarei
A encontrar?

Eu vou lá


O caminho segue errante e irregular, mas desta vez os passos são só meus.
Sim, livre.
No entanto, esta mesma liberdade acaba por me amarrar numa intensa e incessante necessidade de ter antigas sensações, prazeres que antes me eram rotineiros. Quando menos percebo, já estou novamente atando o nó do meu barco em algum outro cais.
Isso é normal.
Eu até posso um dia andar por ai com as roupas rasgadas, bolsos vazios e a mente confusa, sem saber como fui parar ali. Mas e se pudesse jogar todos os livros os momentos passados fora e carregar comigo apenas a página do agora?

É tão comum eu me apagar ao passado e viver numa pagina, na ilusão de que estou andando pra frente… no entanto, se eu tivesse realmente sido feliz no passado, jamais teria mudado.
Então eu mudei.
Mas o problema é que eu mudei sentindo medo demais. Eu navego por aí, esquecendo-me de que poderia ser bom perder o horizonte, seguir a vontade da corrente e atracar na próxima aventura.
Por mais que ela demore a surgir...
Eu vou lá sem bússola...

Um Passado em Sonho Apagado

O que terei que fazer ainda
Para tu veres que tua partida por mim não foi bem-vinda
Nem sequer te quero eu já perder..
Terei te que mostrar que para mim
Isso doeu mais que uma violenta ferida
Eras tu o meu sangue e a minha vida
Agora mesmo me encontro lentamente a morrer..

Mas o que para mim me é mais confuso
É que á minha morte tu lhe chamarás de vida
Para ti já não passo se calhar
de um mero objecto sem valor nem uso
E eu a ti te considero ainda uma peça estrutural..
Fostes rainha em meu jogo
Logo mesmo a seguir de seres minha princesa
Abandonaste me terminando nossa louca partida
Ao duro chão caíram todas as nossas peças
Que ainda se encontravam em cima da mesa
Dum jogo jogado apenas por alguém genial..

Porque louco é aquele que se acha normal
Vivendo numa vida de insanidade, talvez seja, talvez não
Talvez um dia eu também descubra se algo disto
Correspondeu á tua verdade..
Porque eu fui vivendo nosso sonho
Num mundo carregado de mentira
Foi esse mundo alimentado
com a minha vontade egoísta de lá te prender
talvez esse mundo estivesse afinal bem longe do alcance da tua mira
só existente na minha louca e bruta insanidade..

mas se sou eu o insano, não sei bem, porque nosso jogo
foi jogado em primeiro pelo destino
porque começou verdadeiramente esta louca partida com um teu engano..
enganaste te e entrastes no meu mundo
analisaste me e descobristes como mais ninguém meu segredo profundo
agora que partistes e deixastes nossa partida perdida no tempo
agora sim, eu sei que meu anjo era afinal bem humano...

Para ti Prima 3Anitos é muito cedo para quem nos deixa assim...


Os dias voam
Os pensamentos passam
Tal como as nuvens
Mas tu, ficas
Ficas sempre
Dentro de mim,
Do meu coração,
Da minha alma.
Tal como o Sol
E a Lua
Que ficam sempre
No céu.

26 Anos

Os anos passaram muito depressa, depressa demais.
Foi tempo inteiro sempre bem preenchido.
Hoje faço anos.
Parei e olhei para trás.
Vinte e seis anos já passaram desde do primeiro dia da minha vida.
O tempo passado já passou, e não volta atrás.
Guardarei na memória os bons momentos, boas recordações.
Os melhores momentos foram com...
Ainda não consigo acreditar que tenho esta idade.
Muito caminho percorrido, muito lutei, muita lágrima correu, e foi com muita dor que a vida se abriu a minha frente com estes 26 anos.
Pronto, estou no meu momento, de uma vida bela e colorida,
pronto para mais aventuras.
Cheguei onde queria chegar.
Queria ser um homem "feliz".
E sou um homem feliz,
feliz em viver simplesmente,
com saúde e com a minha família, e amigos a minha volta.